sexta-feira, 5 de novembro de 2010

Bons tempos aqueles

Nigel... o leão que não era nada Mansell


Nascido em 8 de agosto de 1953, na cidade inglesa de Worcestershire, Nigel Ernest James Mansell veio a se tornar um dos maiores pilotos britânicos da Fórmula 1. Não era dotado de muita técnica mas possuía a velocidade e arrojo puros que o levou a ganhar o apelido de Leão.

Introvertido, caseiro e extremamente família, Nigel nunca pareceu viver na esfera glamourosa da categoria máxima do automobilismo. Tinha como segundo esporte, a emocionante modalidade do golf. Segundo seu venenoso rival Nelson Piquet, também era apreciador de mulheres feias uma vez que segundo Nelson, casado com a mulher mais desprovida de beleza no mundo, mandou colocar um busto da mesma em seu jardim para que tivesse a segunda mais feia também.

Pois é, histórias que o tornaram um semi pateta fora dos bólidos como batidas de cabeça em voltas de comemoração ao término de corridas ou cortando a sua mão ao receber o troféu pela vitória, foram minimizadas pelas suas atuações em pista. Ali no cockpit, o inglês virava um predador de advesários realmente voraz que ía as últimas conseqüencias nas disputas por posições. Levava-nos a segurar a respiração como em Barcelona 1991 quando a mais de 300 km por hora ficou lado a lado com Ayrton Senna quase a tocar rodas separados não mais do que por 20 centímetros. Uma imagem que ficou para história do esporte.

Outro momento marcante ocorreu "em casa" no GP de Silverstone em 1987. Naquele dia, disputando palmo a palmo o campeonato contra Nelsão Piquet, Mansell havia parado na volta 35 de 65 do total da prova para trocar os pneus. Em segundo, 28 segundos atrás, começou uma busca implacável ao brasileiro, descontando 1,5 segundo por volta e encostando à apenas 4 voltas do fim. O Leão colou em Piquet numa pressão poucas vezes vista vindo a ultrapassá-lo no final da reta já no limite de tangência da rápida curva Stowe após um verdadeiro drible de Mané Garrincha sobre a Williams nº 6 do piloto brasileiro. Foi magnífico. Após todo o ritmo que impôs na prova para descontar tamanha distância, numa época em que não podia-se reabastecer, o inglês não conseguiu sequer completar a volta da consagração. Havia arriscado tudo chegando com o mostrador de combustível marcando 0 litro segundo o próprio Leão, já a duas voltas do fim.

Após sua passagem pela Ferrari em 1989 e 1990 quando foi nítidamente suplantado por Alain Prost, parecia que Nigel estava fadado a passar pela Formula 1 como um dos maiores nomes que não conquistaram nenhum título. Seria lembrado como o seu conterrâneo Stirling Moss, o sueco Ronnie Petterson ou mesmo Gilles Villeneuve. A volta por cima começaria em 91 ao retornar à sua casa, a Equipe Williams. Ali Mansell reencontrou a motivação, a sua auto-confiança e principalmente, um carro considerado de outra galáxia pela superioridade que demonstrava sobre os rivais.

Nesse primeiro ano de retorno à equipe inglesa, o desenvolvimento do câmbio ainda pouco confiável, permitiu que Senna que corria pela McLaren, vencesse as 4 primeiras provas. Com a vantagem adquirida, o brasileiro e seu enorme talento, conseguiram deter o ímpeto da dupla britânica e com isso, garantir o tri deixando o Leão com mais um vice já que o tinha conquistado em 1986 e 87.

No ano seguinte não deu pra mais ninguém. Mansell venceu as cinco primeiras provas e nove ao todo durante o ano, vindo a consagração a cinco provas do fim no GP da Hungria. Estava feito a justiça ao "Homem- Show" da Formula 1. A injustiça viria ainda no fim desse ano. Frank Williams não reconheceu os serviços prestados por Mansell e o dispensou para contratar Prost.

Com o ocorrido, Nigel foi para a Indy em 93, conquistando o título em seu ano de estréia. Antes disso, carimbou o muro de Phoenix em um espetacular acidente. Coisas do Leão ou alguém poderia imaginar que ele passaria ileso por tantos ovais?

Hoje o automobilismo carece de folclóricos pilotos como Mansell. Quem nunca riu ao vê-lo socando volantes, frustrado por algum problema mecânico ou enraivecido por uma manobra de outro piloto. Não importa, a história do Leão está alicersada por seus números e o grande azar (ou sorte) desse piloto foi ter sido comtemporâneo de Piquet, Prost e principalmente Senna. Caso contrário, poderíamos ter nele, um recordista histórico da categoria. Mesmo sendo parte dessa geração, o inglês conquistou 1 campeonato, 31 vitórias, 59 pódios, 480 pontos válidos, 32 pole-positions e 30 voltas mais rápidas. Tudo isso em 15 temporadas.

Enfim, um Leão nada Mansell. Que me perdoem o trocadilho.

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