Cenas reais - Amigo secreto
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Brincos feitos com patas de esquilo
Voltando. O amigo secreto às vezes, ou melhor quase sempre, termina com um sentimento puro e cristalino de frustração pela grande maioria dos participantes. Mas por que será? Geralmente alguém sai beneficiado demais com um presente de qualidade, enquanto outros não recebem a mesma consideração, ganhando um chaveirinho, ou um relógio que toca musica a cada meia hora, ou um óculos que derrete no sol. Isso é praticamente inevitável, mesmo havendo critérios audaciosos como presentes acima de 100 reais. Alguém sempre acaba pensando em economizar nos custos.Certa vez eu estava assistindo um amigo secreto de uma família. Era muita gente mesmo! As regras eram que os produtos deveriam ser acima de 50 reais. Todo mundo concordou. Pois bem, chegado a hora, o primeiro participante:
_ Essa pessoa é sensacional, tanto no pessoal quanto no profissional; ela tem carisma, tem charme, sapateia e faz miojo como ninguém! É você Creusa! (os nomes são fictícios)
Aí ela abre, e dá aquele sorriso anti-colgate:
_ Uma camisa amarelaaaa!!! Bordada com nylon vermelho!!! Que...legal.
Ai ela faz o discurso já triste:
_ É, o meu amigo, é legal (pensando na camisa amarela), ele tem um brilho, uma luz que não é amarela, é gente fina. É você Valvetson. Pega logo isso.
Ai ele abre:
_ Um relógio cravejado de diamantes, que suporta 320 metros de profundidade! E acende no escuuuuro!!! Cara! Dá pra ver as horas no escuro!!! – e faz aquela festa.
Na vez dele, já empolgado, nem tem discurso direito:
_ Ah! Meu amigo é santista, e peixe lembra água, e água a gente bebe, então ta aí Aristóteles o seu presente:
Ele abre um embrulho de jornal:
_ Uma caneca....
_ Sim, mas olha só, tem o símbolo do Santos.
_ Que legal hein! Eu tenho três dessas.
_ Agora são quatro! Não é legal?
_ ...
E assim segue a cerimônia. Muitos levam a sério presenteando a pessoa com o melhor. Já outros não dão o mesmo valor. Pode-se dizer que o carinho fica a prova nestas ocasiões. Na que observei as pessoas que moravam na mesma localidade tiveram a mesma idéia, e compraram camisas da mesma loja, de 1,99 (conhecendo as regras). Todavia, quem residia longe e foi convidado investiu mais seriamente na coisa.
Ao término, os abraços calorosos. E alguns ficam até emocionados com o gesto daquela parente:
_ Você me deu uma arara de madeira! Quando criança eu sempre quis ter uma arara que falasse comigo!!! Agora eu tenho uma de madeira!!! Buáaaa. Muito obrigado!
_ Mas ela fala, é só você apertar esse botão!
_ Buáaaa!!! Estou realizada!!!
Outros já deixam a sua opinião sobre a brincadeira:
_ Olha, foi muito legal. Acho que foi um sucesso. Todos estão de parabéns. Mas eu nunca mais vou pisar os pés aqui. Tudo bem?
_ ...
E tem a indignação também:
_ É um absurdo. Tem gente que não gastou nem cinco reais. Eu ganhei uma fronha de travesseiro. Faltou organização nisso!
_ Ah, mas o importante é juntar a família.
_ Eu sei, mas é uma desconsideração isso.
_ Ah, mas é família!
_ Me diz o que eu faço com essa fronha?
_ Não posso dizer, estamos em um ambiente família.
_ ...
Apesar de toda a incoerência e frustração, a brincadeira traz um pouco do espírito de confraternização, que hoje em dia infelizmente se resume nos últimos dias do ano. Talvez o presente seja o reflexo do tipo de ligação que temos com o nosso amigo, um ente querido.
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