segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

Sokushinbutsu - Ritual Budista






Sokushinbutsu

O que é?

O sokushinbutsu é algo totalmente distinto; uma crença que envolve muita fé e espiritualidade, sem contar, é claro, força de vontade e persistência... (n/a: E por que não dizer também um pouco de fanatismo?)

Okay, você já deve ter ouvido falar muito em múmias, e naturalmente, as primeira que vêm à cabeça são as do Egito. Mas, ao contrário das múmias de faraós, os sokushinbutsu não adiquirem a aparência tradicional que conhecemos após determinado tempo de decomposição. Confuso? Vou explicar melhor.
O sokushinbutsu era um ritual praticado por monges budistas. Por ser extremo e considerado suicídio, hoje ele é proibido, mas há muito tempo atrás era frequentemente realizado, principalmente pelos monges da região de Yamagata.

O ritual

Era praticado apenas por aqueles que dedicavam a maior parte de suas vidas estudando e compreendendo Buda, e ocorria da seguinte forma:

Quando o monge se sentia preparado, dava-se então início a um regime diferenciado, baseado em nozes, sementes e água apenas, para que seu corpo perdesse o máximo possível de líquidos. Ele também deveria praticar uma série de atividades físicas rigorosas e exaustivas para queimar toda a gordura do corpo. Feito isso, mais três anos em dieta, dessa vez de cascas de árvores e raízes, acompanhadas de um chá venenoso feito da saliva de Urushi, uma árvore que contém uma substância chamada Urushiol, utilizada na imperbeabilização de objetos e também para embeber pontas de lanças. O chá então causaria vômitos e uma perda rápida e considerável de fluídos corporais, mas acima de tudo, seria indispensável na eliminação de micróbios e vermes, pois estes são um dos principais fatores na aceleração de deterioração do corpo após o óbito. Para a conclusão do ritual, o monge finalmente deveria se trancar em uma tumba de pedra na posição de lótus, completamente imóvel, e lá permanecer até sua morte. A única conexão com o mundo fora da tumba em seu estágio de enclausuração seria um tubo de ventilação e um sino, o qual ele deveria tocar uma vez por dia para sinalizar que ainda estava vivo. Assim, quando o sino deixasse de tocar, os outros monges saberiam que ele estava morto e removeriam o tubo, selando assim a tumba por 1000 dias.
Após esse período, a tumba era aberta e o cadáver era retirado para ser limpo. Se o estado de preservação do corpo fosse bom, o monge seria considerado como um "buda vivo". Nem todos, é claro, concluíam o ritual com êxito, pois após retirados da tumba depois dos 1000 dias seus corpos estavam putrificados.
Ao final, os olhos da múmia eram retirados, mas ainda assim eram considerados capazes de ver nas almas dos vivos e ser capaz de perceber a realidade com perfeição. Os acessórios que usavam antes da morte permanecem em seus corpos.

Ao norte de Honshu estão as poucas múmias que concluíram seu ritual, elevadas ao nível de Buda por sua perfeição na auto-mumificação. Elas continuam sendo adoradas e respeitadas em templos no Japão não somente pelo lado religioso, mas também pelo reconhecimento do controle mental e corporal que estes monges tiveram em vida.

Quantos conseguiram?

Cerca de 24 monges.

Fotos:










E aí, teria coragem de passar por um suicídio lento e doloroso por sua crença? Até onde a fé e perseverança levariam você?

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