quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011

Tráfico feito por Submarinos

Para escapar da vigilância da Marinha da Colômbia, traficantes lançam mão de um veículo de difícil detecção para levar cocaína do país sul-americano para os Estados Unidos: o submarino. Com 60% da produção mundial de cocaína, a Colômbia fabrica, por ano, 600 toneladas da droga –das quais 92% saem pelo mar Antes, os traficantes seguiam de lancha até os Estados Unidos –maior consumidor da droga.
Para não serem mais capturados na rota do litoral Pacífico da Colômbia, passaram a usar os submarinos.
"É um fenômeno que aumentou muito nos últimos anos", explica Hernando Wills, comandante da Marinha colombiana. De 40% a 45% da cocaína da Colômbia saem por submarino. Na avaliação do militar, a minoria dos veículos é capturada. "Acho que, na melhor das hipóteses, de cada dez submarinos que levam cocaína a gente consegue capturar dois."
Desde que o primeiro foi apreendido, em 1993, houve a captura de 50 submarinos com droga. O militar ressalva que achar os submarinos é muito complicado. Dos helicópteros, o que se busca é o rastro da navegação. “O submarino em si é difícil de ver, porque tem a mesma cor da água. E, com pouca superfície exposta, também fica difícil pegar no radar."
Por isso, a luta é pra encontrar os submarinos ainda em construção. São em regiões de transição entre rio e mar que as patrulhas procuram o que se pode chamar de estaleiros de submarinos clandestinos. Os traficantes constroem dentro da mata,  trazem os submarinos com facilidade até a água e depois vão para o mar aberto.
Os tripulantes são normalmente de regiões pobres do litoral do Pacífico. Jovens pescadores, que desde muito pequenos conhecem o mar. O piloto pode ganhar até R$ 50 mil para uma viagem de desconforto extremo. Numa base da Marinha em Baía Málaga, entre o mar e a selva colombiana, ficam vários submarinos apreendidos.
A equipe do Fantástico entrou em um submarino apreendido em 2006. Com pouquíssimo espaço, ele serve para quatro pessoas: são um piloto, um maquinista, e dois marinheiros. Na parte da frente, iam 8 toneladas de cocaína e os mantimentos da tripulação. Atrás, um motor de lancha comum levava o veículo.
A respiração da tripulação é normal. Não há nenhum sistema de oxigenação. É o ar puro do ambiente que é respirado. O ar entra por dutos, já que os submarinos não afundam totalmente.
A velocidade máxima alcançada é de 40 km por hora. As viagens da Colômbia até a América do Norte chegam a durar duas semanas. "A situação é insuportável, mas eles conseguem", diz Herney Gutierrez, chefe do Estado-Maior da Força do Pacífico.
Evolução
As embarcações apreendidas mostram a evolução dos criminosos. Tudo começou há mais de 40 anos, com o tráfico de maconha em barcos simples. Depois entrou a cocaína, e os barões da droga, como Pablo Escobar, preferiam os aviões. Com o aumento da repressão no ar, surgiram os submarinos caseiros de madeira e fibra de vidro, cada vez mais elaborados.
No ano passado, foram apreendidos cerca de 20; neste ano, porém, até agora foram encontrados só três. A explicação para essa diminuição não é simples. A primeira teoria é que a rota pode ter mudado. Junto com os Estados Unidos, os países do Pacífico compõem uma força de vigilância antidrogas. Mas o equador não fez acordo com os americanos, e os traficantes da Colômbia podem estar saindo rumo ao sul, contornando as ilhas Galápagos, para só então rumar para a América do Norte, longe da vigilância.
Há também uma outra hipótese. "Pode ser que o tráfico esteja tão sofisticado que ele tenha agora submarinos que ficam totalmente embaixo da água. Aí vai ser muito mais difícil pegar", disse Hernando Wills. Fonte:

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