quarta-feira, 23 de novembro de 2011

Conspiração da Aspirina na Primeira Guerra

A grande conspiração da Aspirina na Primeira Guerra
Durante os primeiros anos da Primeira Guerra Mundial, o EUA manteve-se neutro. E ainda que sempre tenha simpatizado com a causa aliada, aquela não era sua guerra e, ademais, não via perigar nenhum de seus interesses. A opinião pública estava dividida até que em maio de 1915 um submarino alemão afundou, próximo da Irlanda, o transatlântico inglês RMS Lusitania com mais de 100 americanos a bordo. Ainda que a bem da verdade a embaixada alemã em Washington tinha emitido o seguinte comunicado de aviso:

"Atenção! Recordamos aos viajantes que tenham a intenção de embarcar em viagens pelo Atlântico a declaração de guerra entre Alemanha e seus aliados e Grã-Bretanha e os seus, e que a zona de guerra inclui as águas adjacentes às Ilhas Britânicas, que, em conformidade com os pertinentes avisos dados pelo Governo Imperial alemão, os navios que hasteiem a bandeira da Grã-Bretanha, ou qualquer de seus aliados, poderão ser destruídos nessas águas e que os passageiros na zona de guerra nos barcos da Grã-Bretanha ou de seus aliados o façam sob seu próprio risco.

Embaixada Imperial da Alemanha em Washington, DC, 22 de abril de 1915
Após o incidente, a Alemanha reagiu rapidamente e alertou seu embaixador, Johann Heinrich von Bernstorff, para que mantivesse à opinião publica americana dividida e tentasse sabotar os envios de fenol (utilizado para a fabricação de explosivos) aos britânicos. Ainda que a Grã-Bretanha fosse o maior produtor de fenol, importava uma pequena produção da indústria americana. Até que apareceu Thomas Edison...

Depois da invenção do fonógrafo (um dos poucos inventos realmente criados por ele), Edison havia lançado seu selo fonográfico Diamond Disc e os discos nos quais faziam as gravações eram feitos de uma resina sintética plástica chamada baquelite que, casualmente, resulta da junção do fenol com o formaldeído. De modo que, dada a escassa produção americana de fenol decidiu criar sua própria fábrica capaz de fabricar doze toneladas por dia.

Assim os alemães deviam impedir que o excesso de produção de Edison caísse em mãos britânicas. O embaixador Johann Heinrich von Bernstorff deixou a tarefa ao encargo de Hugo Schweitzer, um de seus agentes que, ademais, era químico.

Schweitzer, como bom químico, recordou que o fenol também era utilizado na fabricação do ácido acetilsalisílico (aspirina) e que desde o começo da guerra, quando a Grã-Bretanha deixou de exportar o fenol, a alemã Bayer teve que reduzir a produção de aspirinas. Apelando à consciência de Edison, Schweitzer convenceu-o a assinar um acordo comercial com a Alemanha como forma de destinar o excesso de fenol para fins farmacêuticos antes que militares. Uma jogada de mestre...

Lamentavelmente, para os alemães, a trama foi descoberta. O serviço secreto americano descobriu a ligação de Schweitzer com o embaixador e descobriu a maleta onde se detalhava todo o plano. Mas ainda assim não podiam prender o químico já que os EUA não tinha entrado em guerra (só o fez em 1917) e também não eram ilícitos os acordos comerciais com a Alemanha. Quem sim se sentiu enganado foi Edison -tão acostumado a passar a perna nos outros- que, rapidamente, rasgou o acordo e vendeu todo seu excedente ao exército americano, e este ao britânico.
Fonte: Great Phenol Plot

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