sexta-feira, 7 de janeiro de 2011

O antecessor de Santos Dumont : Julio Cezar Ribeiro

Saudações!
Nós, do grupo Ciência no Brasil, gostaríamos de apresentar um brasileiro genial que, como outros tantos que iluminaram o mundo e adoeceram na tragédia do esquecimento, fez gigantes contribuições para a cultura humana.
Em nossa interessantíssima e agradável conversa com Guto Lacaz veio a tona nomes de grandes e geniosos brasileiros, como os já citados Bartolomeu Lourenço de Gusmão e Roberto Landell de Moura. Guto também nos lembrou de Santos Dumont, inegavelmente um ícone na aviação brasileira, um cientista e inventor versátil e brilhante.
No entanto, há outro brasileiro, relativamente pouco conhecido, que contribuiu enormemente para o desenvolvimento de balões e dirigíveis. Muitas vezes é atribuído à Dumont a invenção dos dirigíveis, mas foi o paraense Julio Cezar Ribeiro de Souza, que viveu entre 1843 e 1887, quem provavelmente deu vida a idéia de balão dirigível.
A história deste cidadão é incrível. Oriundo de uma família muito pobre, estudou em colégios militares, onde possivelmente teve algum contato com disciplinas exatas: mas, segundo os relatos que nos chegaram, era um esplêndido autodidata em física. Também era um excelente escritor e jornalista, e era muito bem conhecido por sua poesia.
Projetos de balões dirigíveis já foram pensados antes, principalmente pelos franceses. No entanto, o projeto de Julio Cezar era inovador e trazia algo nunca antes pensado: a questão do formato assimétrico do balão. A figura a seguir nos dá um exemplo de um balão dirigível axialmente simétrico:
A simetria é evidente. A figura a seguir ilustra um dirigível no formato proposto por Julio Cezar:
A descrição da figura indica o nome de Santos Dumont; no entanto, foi o paraense Julio Cezar quem propôs esse modelo assimétrico para o balão. Podemos notar que a parte dianteira é visivelmente maior (mais volume). O inventor teve esta idéia em 1880, depois de analisar o vôo dos pássaros: a forma fusiforme dissimétrica - alongada e mais volumosa na proa do que na popa -, que possibilitou estabelecer o ponto de apoio no ar dos antigos aerostatos e, conseqüentemente, a sua dirigibilidade. Estava criada a forma aerodinâmica da moderna aviação [ref1]. A figura a seguir nos mostra o teste de dirigível realizado em Bélem: a demonstração acabou falhando devido a negligência do uso dos equipamentos e pela escassez de instrumentos e matéria-prima.
Julio Cezar enfrentou diversos problemas relacionados a falta de apoio político e financeiro (inclusive a humilhação de altos patentes da aeronáutica brasileira quando apresentou o projeto pela primeira vez), mas seu maior drama foi a suposta "piratagem" de inventores franceses que teriam se apossado de seu projeto. Sabe-se que seu sistema foi usado por dois franceses para por em ar o "La France" em 1884. Julio Cezar acreditava que o plágio deveria ter ocorrido quando de suas apresentações em solo francês. Alguns depois conseguiu provar que sua invenção havia sido plagiada; o governo francês abatido retirou seu dirigível, que ficou conhecido como o primeiro balão dirigível da história. O inventor paraense morreu em 1887, pobre e esquecido.
O trabalho de Julio Cezar foi fundamental para a posterior revolução aeronáutica engendrada por Santos Dumont. As referências que coloco abaixo contém inúmeras outras informações sobre este grande, audacioso e (infelizmente) esquecido gênio brasileiro.
O curto porém instrutivo vídeo abaixo aborda a vida de Julio Cezar Ribeiro de Souza: 

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